Esta foi a última foto que tirei à minha mãe,
antes da doença que a levou à morte, no espaço de um mês.
Na desventura, foi bom eu estar lá, tendo-lhe feito companhia
até ao último dia da sua longa vida, sem nenhum sofrimento.
Morreu no dia Internacional da Mulher e, apesar dos desgostos
da perda precoce do marido e de dois filhos,
dizia que tinha gostado muito de viver
e que tinha sido muito feliz.
Isso eu comprovo, porque tanto o namoro como o casamento
com o meu pai, eram o mote das estórias que relatava
acrescentando nuances cor-de-rosa que ela, já no final da sua vida,
ficava sem saber onde as colocar!...
Era uma mulher muito forte, muito inteligente e muito bonita.
Toda a gente gostava dela e todas as pessoas que com ela conviveram
sabem que se perdeu uma pessoa maravilhosa.
Ficará para sempre no meu coração.
Em abril, quando regressámos, já ficou a mágoa da sua ausência.

Agora receio a minha chegada lá...
já sei que ficarei desolada por não a encontrar,
por não ouvir a sua voz declamando os poemas do meu pai
e contando as mesmas estórias inúmeras vezes!
Mas tenho essas estórias gravadas e filmadas...
que não se comparam com a realidade,
mas são um valioso legado que me conforta
e que deixo aos meus filhos, netos... e, depois, aos bisnetos.
Voamos amanhã do Porto para Ponta Delgada.
Férias? Não! Apenas mudança de casa por 22 dias.
E sei que vou estar com amigos muito chegados,
que também escolheram esta altura para ir à nossa linda
Ilha de S. Miguel.
Sei que o tempo não está bom... mas irei a banhos de mar,
mesmo que chova!!!
UM ABRAÇO